sábado, 28 de agosto de 2010

Sem título II

procuro um jeito de salvar a minha vida.

um modo de me livrar da miséria de ter que ser eu mesmo.
de ter que ser o mesmo, sempre. de errar mais do que preciso pra aprender.


preciso me salvar de mim mesmo. preciso me afastar deste que sou eu.
ser outro. se eu perdesse a identidade, talvez fosse mais fácil.
afinal de contas,"você precisa de alguém, que te dê segurança."

como é difícil ter que acordar deitado todos os dias e ter que me contentar em ser apenas eu.

não posso ser outro, ser melhor do que eu realmente sou?

não sou tudo que gostaria, mas sou quase tudo que não queria ser.

acho que fracassei até em ser eu mesmo.
preciso me salvar de mim.
é a miséria de ser apenas Leopoldo.



eu sei. eu apenas sei.

hoje tudo parece tão calmo, tão blue.

mas o que hoje é blue, amanhã vai ser tema de uma música de blues.
com direito a um longo solo de gaita.


eu sei. apenas sei.
quando tu conhecesse os meus segredos, tu iria embora, terias medo.


se assustaria, mesmo sendo forte como é.
"vamos até o fim".

esse é nosso fim, garota.

não é o meio, é apenas o fim, é o fim da realidade.
e o meio do sonho.
"pra você guardei o amor que sempre quis mostrar."




nessa fria noite de julho,
sentado em frente ao computador.

ligo a máquina e deixo conectado.

aguardo, aguardo

me dou conta que ninguém virá conversar como ela fazia.

solidão está on-line.

não,não vou alimentar a dor.

coisas que pareceriam óbvias até pra uma criança.