sábado, 22 de janeiro de 2011

Lua Cheia

                                                                                                                           ( 23/12/2010)



A lua está quase cheia. Há um vento quase quente lá fora. Estou quase sem dinheiro pra sair e tentar esquecer. Estou só. Só eu estou aqui. Esse quase  apartamento vazio. Esse coração cheio de cicatrizes e teu telefone que não é atendido. Três vezes te liguei, três vezes não atendeste. Não preciso ligar mais. Não quero. Não posso.
      Tudo por causa de uma piada. Eita. Depois de certo tempo achei que tinha percebido que minhas piadas são sem graça.
      Atendeu o telefone. Chamada a cobrar. Nove-zero-nove-zero. Desligaste.
      Sumiu. Simples assim. Evaporou como se nunca tivesse existido. Não entendo. Onde foi parar toda aquela paixão, todo aquele romantismo e aquela vontade?
      Me deixou. Com meus fantasmas a rondar, esperando uma brecha pra me infernizar de novo. Como todos os outros. Tu me deixou. Exatamente eu temia. Como eu esperei. Igual aos outros. A todos eles. Todos, quando percebiam que sou humano, demasiado humano, partiam. Mulheres, amigos, conhecidos, família. E tu. Inclusive alguém que (ah!, supremo desgosto) eu achei que poderia ser diferente, que poderia ser.
      Está quase chovendo, estou quase chorando, quase conseguindo chorar. Quem tu pensa que é pra aparecer assim e sumir assim? Como pode? Por que estás sendo igual a todos? Tão pouco tempo  e já tenho outra cicatriz no coração. Quem inventou os sentimentos não tinha coração.