terça-feira, 23 de agosto de 2011

III

Tentando. Sigo em frente. Sem rumo. Quando a gente não faz ideia de que caminho seguir, qualquer trilha é o nosso caminho. As vezes acho que preciso me encontrar. O tempo passa e a cada dia, envelheço na cidade e não me encontro. Fujo, por vezes, de mim. Outras, me vejo de relance, n'alguma poça d'água, tal qual um narciso invertido. E me vi, também, no reflexo do trem, iluminado pelo sol nascente. Já mudei. Tudo. Tentei me inventar de novo. Nascer é uma passagem violenta. E nascer de novo dói. Cada dia é um recomeço doído. As vezes, a beleza de cada sol que nasce quase me machuca. Long plays. “ Já roubei muitos corações... mas agora estou só”. Voltar a voar, a acreditar. Um anjo caído dança um tango, sem par e sem parar. Eu hoje joguei muita coisa fora. A dolorida visão do passado passando por mim. “ a lua merecia a visita, não de militares, mas de bailarinos e de você e eu”. Uma bailarina de coturno, um besouro que voa. Improváveis soluções. Improváveis probabilidades, várias variáveis. Bailarinos dançando no silêncio. A dança dos dias. Dias passam e passam. Segundos lentamente em frente a mim. Os carros não param. Ninguém quase sorri.