sábado, 1 de outubro de 2011

Crônica

Porto Alegre, início da primavera de 2011



Ando por aí. Vejo tanta coisa. Não sinto saudade, é verdade. A gente só precisa continuar remando. Procuro um motivo, ou uma razão. Não espere que eu explique, eu enlouqueço antes. Enquanto ouço uma canção que fala de uma paixão não-correspondida, sinto falta do brilho no olho, do frio na barriga, de gaguejar. Sinto falta de andar por aí de mãos dadas, de rir de coisas pequenas, de estar e só estar ao lado. Um sorriso dividido, um pôr-do-sol que ilumina a cidade, a noite quente dividida. Sinto falta.
Mesmo assim, sigo aqui, acreditando na ilusão. Sabendo, na minha quase-certeza que é só ilusão. É como se eu não conseguisse deixar de acreditar, mesmo sabendo que é só ilusão. Já tentei de tudo, já fiquei louco. Já esqueci a gramática e resolvi contar com a compreensão do leitor. A vida insuportável ao meu redor. Toda noite, quando ponho minha cabeça no travesseiro penso em tudo isso. Complicado demais, durmo e acordo pensando.
Sinto o tempo passar por mim.