segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sem rumo

Correndo atrás do próprio rabo. A cobra engolindo o próprio rabo. “a estrada é uma prisão. Eu acho que sim, você finge que não”. Caberia aqui toda a letra de Infinita Highway. Caberia minha vida toda, nos seis minutos da canção. Perdi as contas do tempo que dormi, perdi as contas do tempo que esperei. Entrei na contramão. A primavera chegou de vez. O sol nasce, o dia segue, frio e quente, sangue e areia, noite adentro, vida afora. Direção, sentido, rumo. Norte, sul. O sol nasce do lado de lá. As nuvens não são de algodão. E eu nunca consegui ver desenhos nas nuvens. Da janela do avião, eu me vi acima do céu. O sol brilhava. O mundo é enorme aqui de cima. E tão pequeno aqui de baixo. Frio vento entra pelas frestas da janela. Eu só tenho um violãozinho de cordas de náilon.
Sentado aqui no canto do quarto, “me dê um ponto de apoio e uma alavanca e moverei o mundo”. Suspicious mind. Se eu conseguisse ao menos me mover, eu moveria o mundo. Um beijo, um abraço apertado e um pé pequeno roçando na minha perna. Alegrias adiadas. Sorrisos disfarçados. Eu que não amo você. Chega tarde, mas chega um dia. Perdido pra todos os lados. “ o céu é só uma promessa, eu tenho pressa... quem tem pressa não se interessa... eu não tenho pressa... o meu tempo é todo teu... no meio de tudo, você... não consigo odiar ninguém.. será que você existe?... eu tive um sonho, há muito não sonhava, lembranças do futuro que a gente imaginava... onde estão teus olhos?... ontem à noite eu conheci uma guria que eu já conhecia, de outros carnavais, com outras fantasias.... o céu é só uma promessa” looping infinito das frases das mesmas velhas novas canções, os mesmos acordes dos novos velhos rocks. Novas duplas caipiras, guitarra e bateria. Fogo amigo, nada tem feito sentido. Se fosse pra fazer sentido, chamava soldado, não vida. Outro amigo que morreu, o tempo é implacável. O calor congela. Sem gelo, por favor. Outra dose, outro copo. Sem gelo, de novo. Tempo passa. Saudade. Três amigos já se foram. Sigo aqui, sem saber. Só sigo. Andando parado. O mundo gira, gira e quem fica tonto sou eu.