quinta-feira, 13 de maio de 2010

Vazio



não é a mesma coisa que o nada. Pelo menos em mim, homem que sou, não parecem a mesma sensação. A sensação de frieza emocional, de descuido pessoal e de vício - todas essas coisas alimentam as traças da minha existência, me atormentam com vontade, e me fazem agir como a pessoa que tanto odeio e desprezo. Assim como a psicologia é auto-análise, agressão é auto agressão. Não existe o mundo externo - ele só existe para nós que o vemos e o percebemos assim. Logo eu não me vejo como real, não vejo o propósito da minha existência - com ou sem a crença e deuses e dogmas - nesse circo de dementes, pandemônio ordeiro que consome nossas almas. Com o tempo, criei placebos. Drogas, mulheres, companheiros de bar, livros, filmes, músicas, remédios, trabalho, escola, caridade. Nada disso preencheu o vazio (que a essa altura saiu de meu estômago e circula meu pescoço, quase me sufocando) que me assalta antes de dormir. Nada disso me salvou da miséria de ser humano. Ou um protótipo de um novo tipo de humanidade, que de natural nada tem. Sou esse processo mecânico de emoções manipuladas, de opinião formada, de conceitos estúpidos sobre o próprio conceito. Não faz o menor sentido tentar, não há nada que nos salvará de nossa miséria. Não há Deus, amor, família, sexo, trabalho, filhos, passeios, viagens, fotos, filmes, poesias, encontros, amigos, despedidas, crescimento ou fé que me faça acreditar que isso aqui faz sentido, que eu tenha que permanecer nessa dor constante de um humor inconstante. É estupidez, a essa altura.
Se após a Morte há o nada, então eu fico com o nada. Por que, na diferença entre o nada e o vazio, é o nada quem pode te preencher.


Deixa chover sobre mim, Titã Crono, até que teu vento traga bálsamo fino a um corpo que não está lá tão machucado.












Sim, o suicídio é uma opção.