terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Um homem alado prefere a noite.


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(escrito em 16/04/2010)

Nada que a escuridão não possa nos mostrar.

Nada que não possamos fazer. Não que o sol seja ruim, mas com conjuntivite o melhor que posso fazer é enxergar no escuro.

No escuro.
No fundo.
Na alma.

Onde moram teus monstros.
Onde moram teus segredos.

Longe, longe.

Perto de onde tu guarda todo amor que há nessa vida.
Todo amor que há, é guardado, como se esperasse a pessoa ou a hora certa pra aparecer.


Não sei se há.
E se não houver?

Se não houver o melhor que podemos fazeré usar esse amor.
Agora.
Já.
Pra não perdemos.
Tempo.
Amor.
Circunstância que me leva a amar.
Mais forte que tudo.

Mais fundo que tudo.

Mais fundo que teus monstros.
Que teus medos.

Que teus sonhos.

Amor.


E mais nada.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Dias


 os dias se parecem uns com os outros. defino os dias da semana pelo futebol.
 os dias parecem séculos. se arrastam aqui. dentro de mim.

 os dias parecem loucos. cada dia uma notícia, um gol de bicicleta, uma morte, uma celebridade, um amigo é  pai.
 os dias passam, pra mim. difícil. como se o peso das horas fosse maior dentro desse quarto, nesse colchão  jogado no canto.

o tempo tem sido complicado por aqui. num dia chove, noutro faz um calor infernal. sinto uma algazarra no peito, acho que é cafeína. talvez só minha ansiedade com tudo. e com nada. se formos ver de perto mesmo, nada acontece. não é um nada como o nada do espaço, onde nada acontece, mas há algo acontecendo, só a gente não vê. é um nada mesmo. um absurdo e triste nada. é difícil esperar as coisas acontecerem, ainda mais se não há mode de fazê-las acontecer. isso tudo é desgastante demais. não sei como vai ser, mas é preciso dar um fim nisso. essa falta, essa distância, essa dor que me aperta o peito toda madrugada.


 os dias seguem, silenciosos e cruéis.
 cada dia a mais, é um dia a menos.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Madrugada

São quatro da manhã.
Cinco passos largos e entro no meu quarto, querendo te ver. vejo apenas um lençol bagunçado e dois travesseiros jogados de qualquer jeito.



É o fim do mundo, eu que falei sem pensar, misturo tudo e não encontro solução, a mistura deve estar errada, não é possível, assim não dá, cinco da manhã, saio de cama, preciso de ar, preciso andar, por aí. Pensar demais dá nisso, é preciso cansar o corpo.



Eu que parei de fumar comprei uma carteira, isqueiro trago comigo, eu trago comigo mesmo, um trago, um estrago. Canções de amor, seis da manhã, plena segunda, chove um sol quente, me sinto longe, longe, aqui do lado. ouço aqui do lado, sussurros de amor do casal, sete da manhã, faz frio aqui dentro, ando sem rumo, apenas um cara. As time goes by.



 Vou levar, vamos ver até onde vai.

 Preciso parar com isso.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Noites

"uma noite longa, uma vida curta" Lanterna dos Afogados tinha razão. As noites são longas por aqui, na insônia.


tenho passado longas madrugadas pensando. é pensando que se enlouquece, né. esse ano foi bem, bem difícil. são só pequenos problemas que se somam e quando a gente vê, fica sem chão. é meio como acordar e puta merda onde eu tô como deixei minha vida chegar nesse ponto, preciso retomar as rédeas da minha vida, sei lá.


coisas que eu via tanta beleza hoje não são capazes de me emocionar. coisas que me fariam deixar o calor do edredom hoje não me fazem deixar o ventilador. os últimos tempos tem sido uma milonga triste e lenta.


já não é a primeira vez que passo por isso, acho que tá na hora de adotar aquela filosofia de aprender com os erros. sinto ciúmes de quem está longe, sinto falta de quem está perto. sinto um não sei o quê por quem já passou e tenho medo de quem está. a falta de controle da minha vida  me trouxe aqui, onde eu estou.

sinto saudades. ciúmes. medo. tédio. tudo ao mesmo tempo agora. entende? não é como se fosse só todo esse clima de festividades de fim-de-ano, coisa que soa mais falsa que note de 6 reais. é isso tudo junto, uma mistura de sentimentos tristes. eu preciso retomar o controle da minha vida.


tô aqui, na boca da madrugada, a vodca acabou  e eu venho tentando recuperar meu brilho no olho, minha vontade de sair, meu gosto pelo sol, minha vida.

não é nenhuma resolução-de-fim-de-ano-perca-peso-agora. é só uma decisão. e se eu falhar, vou estar falhando comigo. não posso falhar comigo de novo.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Belezas

beleza.

be·le·za |ê| 
substantivo feminino
1. Perfeição agradável à vista e que cativa o espírito.
2. Pessoa formosa.


"beleza", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013



cada uma tem a sua. mesmo. cada mulher tem a sua beleza. sei que parece clichê de comercial do Boticário, mas existe uma razão pros clichês existirem: eles estão certos. 

beleza é bem relativo. quem ama o feio bonito lhe parece. e quem ama as mulheres sempre vê o lado mais belo de cada uma. 

mesmo que seja uma pinta acima do lábio (oi, Marylin). 


ou a dobrinha da orelha. ou o jeito de arrumar o cabelo no pescoço. o jeito de ajeitar os óculos. 

e pintinha no quadril, ali onde termina cintura baixa do jeans? 


o jeito de rir com cócegas atrás do joelho, caras. quandoi elas suspiram depois de um gole de café. 
como ninguém nunca repara nessas pequenas belezas?


o jeito que ela te olha, meu. a gente sabe que elas estão pensando em um monte de loucuras, mas quem se importa quando vemos aqueles olhos pequenos brilhando?


sério, cara. esquece os teus conceitos e procura. cada uma delas tem a sua beleza. 


vai lá, te surpreende quando descobrir que uma mulher é ainda mais bela quando sai do banho. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Daqui um ano

então é isso? 
esse é nosso daqui um ano?
nosso daqui um ano é um diálogo por email, assim?

nosso daqui um ano é essa tentativa de conviver bem, fingir que não pensa em como seria 
se eu não tivesse medo?




a gente nunca soube o que seria de nós depois de tanto tempo. sim. um ano é muito tempo, nega.
a gente nunca soube o que seria de nós.
só fomos em frente, com medo demais.


era demais pra nós dois aquilo tudo. tudo mesmo. nosso medo, mais a vontade... a distância.

nada disso parecia poder nos afastar há mais de ano. e agora estamos aqui. esse é nosso daqui um ano.

juntando os cacos, e seguindo em frente.
difícil, eu seio. é complicado quando a gente mistura tudo e tenta levar pra frente como se nada tivesse acontecido, um café e um pão de queijo, por favor.


não acendo mais cigarros como acendia. mas abro cada vez mais garrafas. tem sido complicado.




não sei como será daqui um ano, por enquanto é preciso seguir em frente. pé na estrada de novo. nó na madeira, lenha na fogueira, dizia João Nogueira.





Se um dia
Meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar
Meu coração
Tem mania de amor

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

fictício



- fui dormir às três.

-mas como?

-sei lá. complicado. fiquei vendo tuas fotos. ouvindo Caetano (mentira, era Vitor Ramil)

-acho que entendo.

-não, guria. não sei se entende. é mais que isso. medo. a gente sempre tem medo. ainda mais quando tudo tende a dar errado. são coisas que quase fazem acreditar, asi no más, naquilo que as velhas contavam. dos trabalhos que podiam destruir uma vida.

-....

-é, eu sei, morena. não faz sentido. as coisas tendem a ser boas contigo, é meio como se eu conseguisse esquecer o resto todo e ficasse só te vendo, mexendo no teu cabelo e te mordendo a nuca de leve só pra ver teu arrepio.

-é tão bom

-sim, muito. o problema, o inferno é depois. ou antes. ou quando estou longe. e eu estou sempre longe. não tenho como estar perto sempre e isso só me faz sentir mais longe. são uns muitos quilômetros e mais um bando de problemas que nos separam. "se fosse fácil não seria...difícil" né. vou tentando. devagar. pra não pirar dessa vez. é bem mais difícil que parece. fácil só teu riso comigo. fácil só te fazer cócegas se motivo só pra poder enroscar no teu pescoço e ouvir teu riso frouxo.

-é como a piada do alarme no Batmóvel, né?

-isso. é simples, é bobo, e é repetitivo. acho que isso também me define um pouco (menos a parte do simples). te quiero con limón.




com açúcar, com afeto
teu.

domingo, 26 de maio de 2013

Ela gosta de Rolling Stones

         E mais do que eu. She's a rainbow, cara. Quase como um quase-blues, quase-roque. Minha. Tão linda, o sorriso quando acorda, o modo sincero de gozar. Ela é blues, elas é roque. Ela é linda. Todas as cores cinzas da cidade são coloridas a cada noite que tenho ela comigo. É como se a cada mordida, a cada arranhão, a cada gemido a cidade se tornasse melhor pra gente, mais viva, menos cinza, assim, no más, em pleno outono tá colorindo a minha cidade.
        Tanta vontade de estar contigo e ver teu sorriso, teus olhos verdes contra a luz, brilhando assim, meio que da vodca e de mim. Sei que nossos horários são complicados, sei também que nossos medos são mais complicados ainda. Mas ainda não vi nada mais bonito que acordar do teu lado com teu sorriso me dando bom dia. Miss you, garota. Essa semana vai demorar a passar.

domingo, 12 de maio de 2013

Domingo

        Domingo cinza. Porto Alegre, sempre. Um dia de preguiça, aqueles domingos sem graça, não fossem as piadas dos amigos twitter afora.
       Quem sabe eu bebi, quem sabe eu sou louco.
       Andei pelas ruas, alta madrugada, tinha neblina. Agora aqui sentado no meu colchão no chão sinto falta das mordidas e suspiros.
       Canivetes, corações e despedidas. De um jeito bem torto, do meu jeito, sinto tua falta. Tuas mordidas, teus arranhões sempre fazem falta. De um jeito mais torto ainda, gosto muito do frio que faz. Só não aceito, sei lá, meio complicado pra mim, aceitar assim sentir toda essa vontade aqui. Muita vontade pra pouco eu.
       Um blues, uma bebida e uma vontade.
       Belo fim de domingo.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Porto Alegre Blues (parte 1)

                (primeiro capítulo do folhetim. nada aqui é muito real. ou não.)



  Eu vivo sozinho e apaixonado, já dizia a canção do meu cantor roqueiro-brega favorito. Umas canções embalam meu caminhar pelo Gasômetro, e enquanto um vento sul frio mexe meus cabelos fico relembrando os últimos tempos aqui em Porto. Tenho conhecido muitas garotas e passeado por aí. Nenhum que me faça perder a razão ou querer sentar na grama da Redenção num domingo. Nada até encontrar Capitu. Complicado explicar como foi, eu teria várias respostas pra dizer como nos conhecemos. Nada faria muito sentido, ou nenhuma explicação seria plausível. Eu a vi. E foi só isso. Muito pouco e demais até.  Não sabia o quanto aquele pouco iria mudar minha vida.