quinta-feira, 19 de maio de 2011

Frio

Minta. Eu minto. Todos mentimos, meu bem.


Em algum lugar, ao longe, alguém sabe o que quer da vida. E eu ainda aqui. Remoendo mágoas.
Beijos com paixão. Lembro como se fosse ontem, nossa despedida que durou quase uma semana.
Vontade.
Tínhamos vontade. Mas não conseguíamos mais. E gente sabia, não nos suportamos.
Somos iguais. E seremos sempre.

Agora eu ando só. Por aí. Ao vento. Sinto a areia da praia bater com força no meu rosto, sinto os pingos de chuva, fortes.

Estou aqui, em frente ao mar. Em maio. No frio do sul, sinto um frio tremendo, tenho os dedos gelados, quase roxos.


Tremo de frio. De dor. De medo. De saudade.


Não sei onde vou parar. Meus amigos tentam me levantar, me fazer seguir em frente, trabalhar, esquecer.

Meu erro, nosso erro foi tão marcante, que ainda não sei quando vou levantar, seguir em frente.
De repente, não sinto mais frio, mas ainda tremo. De medo, de dor. De frio.

Me pergunto porque estou fazendo isso. Esse retiro forçado, essa fuga de mim, esse ficar parado e ver a vida passar. Não sei. Acho que o frio eu posso explicar. Eu só quero sentir fora de mim um dor tão grande quanto a que sinto dentro de mim.