sábado, 27 de agosto de 2011

Crônica de agosto II

Nesse quarto pequeno. Sozinho e ouvindo velhos rock's. Velhas novas canções dizendo o que eu já sei. Não vou deixar o tempo me levar. Alucinado, como um cachorro correndo atrás dos carros que passam freneticamente na rua. Como o cachorro correndo atrás do próprio rabo. A eterna busca de abrigo. Faz sentido?
Sozinho, ouvindo velhas canções que nem sempre dizem a verdade. Vdd. Medo de deixar de sentir, de deixar de ver as cores, de sentir o cheiro. A primavera vem aí, tímida, devagar. Traz um pouco mais de colorido pra cidade cinza. Tanto faz. Por que você não disse? “se eu soubesse antes, o que sei agora...”. Sim, eu faria tudo diferente. Nossos caminhos não iriam se encontrar. Eu estaria no meu caminho. Tempo. Tanto faz. Quem se importa? A diferença é que agora já passou. Palavras foram ditas e elas não podem ser desditas. Fecho os olhos pro sal das lagrimas não arder tanto. Fecho os olhos pra não ver passar o tempo. Mas foi como a fotografia de um velho filme francês. Não sei muito bem o que sinto, da mistura do que eu sinto. O medo de perder o que eu não tenho [não tenho nada]. O medo de ter que sentir de novo o que já me derrubou uma vez [não tenho nada]. Medo. Todos nós. Nós. Nós temos. O nó e o laço. Eu sinto de novo, o que eu já não sentia mais. Mas sei que, cedo ou tarde, vou passar por tudo que já passei de novo. Se eu pudesse mostrar o quanto eu não quero passar por isso. É preciso que se tropece algumas vezes até aprender a caminhar. O problema mesmo é tropeçar depois que já se acha que sabe caminhar. Alguma remédio, alguma vacina? Eu sempre esqueço dos dias. Das datas. Não peça datas. Talvez eu vá lembrar da estação do ano. Novas canções, dizem o mesmo que as velhas canções. [ Help! cantam os rapazes de Liverpool] [ As curvas da estrada de Santos, diria o Roberto] O melhor que posso, é sempre o pouco que posso. Como se eu tivesse guardado dentro de mim, algo que eu sinto. Como se esse sentimento estivesse exposto [e guardado, ao mesmo tempo, eterno paradoxo] As time goes by. Te deixo um beijo, e até mais.