segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Carta II

Porto Alegre, primavera de 2011

Caro,

O desamor de uma mulher e as incertezas do caminho. O amor de uma mulher e as certezas do caminho. Não se pode ter tudo. Ter nada é sempre uma opção. Chega de drama, só por hoje. Sem se lamentar, me diz? O que tá ruim? Tem saúde, um pouco de dinheiro e uns amigos. O bar fica perto e isso é mais que muita gente tem. Me diz, o que mais tu quer? Amor, carinho, alguém pra discutir, essas coisas? Larga isso de mão. No fim a gente sempre sofre. Como se tu ainda não tivesse se acostumado a essa sensação de dor e solidão. Tudo passa, e tudo segue exatamente como é. Nada muda, só os cabelos vão caindo e ficando brancos. Sem se lamentar, rapaz. Sem mimimi. Só por hoje. Não sei mais o que dizer pra te fazer desistir dessa busca insana por algo que não existe. E olha que eu nem estou falando de deus, garoto. O mundo é um moinho, e está triturando teus sonhos, tão mesquinho. Entre um suspiro e outro, um gole de uma bebida qualquer. Outra bebida e um amor. Sem gelo, por favor. Por favor. Chega de dramas, rapaz. Se é lutar e sofrer o que tu quer, vá em frente.




Att, Leopoldo