Olhos de jabuticaba, palavras de amor repetidas.
Momentos que já vivi antes. Coisas que sonhei.
Acordei.
Tudo estava tão cinza.
Tudo estava tão chuvoso.
Onde estará ela neste instante?
O que está fazendo?
Com quem, ó vida, com quem ela anda nesse momento?
Palavras que já disse. Palavras que já ouvi.
Todo amor é tão igual e tão diferente.
O frio e a solidão do litoral gaúcho no inverno me lembram de uma coisa.
A mil quilômetros daqui, existe um alguém que sente frio. E que sente minha falta. Mas não posso fazer nada.
Ela tem um metro e cinquenta de puro charme. Sem contar o sotaque.
Ah, morena. Que saudades tenho do que não vivemos. Do que não fizemos.
E do futuro que a gente imaginava.
Os quero-queros no quintal me avisam que todo frio passa. Que tudo passa. Que nada é eterno.
E que mesmo a saudade passa.
E talvez justamente por conta desse efemeridade de tudo, o amor tem pressa de acontecer.
Ele precisa acontecer agora. Amor atrasado é amor que esqueceu que é amor. É amizade. É amor que acordou atrasado.
Talvez eu seja feliz e nem saiba.
Que caminho escolher? Por onde andar? Pelo caminho dos outros? Ou seguir o velho conselho de fazer meu próprio caminho? Como pensar quando o mundo parece estar desabando em volta de mim? Preciso viver. Preciso encontrar. Preciso amar.
Não posso e não quero ficar velho e perceber que não vivi.
Não posso deixar passar. A vida tem um preço alto demais pra não ser vivida.
E a cada queda, levantarei com a certeza que estou vivo. E que viver e cair valeu a pena.
Não vou fugir de mim, não vou fugir de vida. Nem dos amores, dissabores ou de qualquer outra coisa que a vida me traga
Pobres daqueles que se consideram livres do amor.
Ninguém se salva. Pode tentar. Um dia tu percebe que caiu nessa armadilha quase mortal. E estará feliz por isso.
Quero acordar de novo ao teu lado, na boca o teu gosto. Não me importo de perder de novo a hora. Preciso sentir de novo meus joelhos tremerem. Preciso de novo gaguejar e ficar sem saber o que dizer. Preciso corar de novo ao ouvir os amigos falando teu nome e fechar os olhos pra sentir teu perfume.
Quero de novo que nós não saibamos o que falar, e aproveitar essa pausa pra roçar meu braço no teu. Pra sentir tua pele arrepiada. E tua voz me convencendo a provar o tal sorvete de menta.
Tal sorvete nunca mais teve o mesmo gosto. Tem um gosto amargo agora. Volta. E muda o gosto desse sorvete de menta.