quarta-feira, 14 de julho de 2010

Ainda assim


Olhos de jabuticaba, palavras de amor repetidas.

Momentos que já vivi antes. Coisas que sonhei.
Acordei.
Tudo estava tão cinza.
Tudo estava tão chuvoso.
Onde estará ela neste instante?

O que está fazendo?
Com quem, ó vida, com quem ela anda nesse momento?


Palavras que já disse. Palavras que já ouvi.

Todo amor é tão igual e tão diferente.





O frio e a solidão do litoral gaúcho no inverno me lembram de uma coisa.
A mil quilômetros daqui, existe um alguém que sente frio. E que sente minha falta. Mas não posso fazer nada.
Ela tem um metro e cinquenta de puro charme. Sem contar o sotaque.
Ah, morena. Que saudades tenho do que não vivemos. Do que não fizemos.
E do futuro que a gente imaginava.

Os quero-queros no quintal me avisam que todo frio passa. Que tudo passa. Que nada é eterno.
E que mesmo a saudade passa.
E talvez justamente por conta desse efemeridade de tudo, o amor tem pressa de acontecer.
Ele precisa acontecer agora. Amor atrasado é amor que esqueceu que é amor. É amizade. É amor que acordou atrasado.
Talvez eu seja feliz e nem saiba.





Que caminho escolher? Por onde andar? Pelo caminho dos outros? Ou seguir o velho conselho de fazer meu próprio caminho? Como pensar quando o mundo parece estar desabando em volta de mim? Preciso viver. Preciso encontrar. Preciso amar.

Não posso e não quero ficar velho e perceber que não vivi.
Não posso deixar passar. A vida tem um preço alto demais pra não ser vivida.




E a cada queda, levantarei com a certeza que estou vivo. E que viver e cair valeu a pena.
Não vou fugir de mim, não vou fugir de vida. Nem dos amores, dissabores ou de qualquer outra coisa que a vida me traga
Pobres daqueles que se consideram livres do amor.
Ninguém se salva. Pode tentar. Um dia tu percebe que caiu nessa armadilha quase mortal. E estará feliz por isso.



Quero acordar de novo ao teu lado, na boca o teu gosto. Não me importo de perder de novo a hora. Preciso sentir de novo meus joelhos tremerem. Preciso de novo gaguejar e ficar sem saber o que dizer. Preciso corar de novo ao ouvir os amigos falando teu nome e fechar os olhos pra sentir teu perfume.
Quero de novo que nós não saibamos o que falar, e aproveitar essa pausa pra roçar meu braço no teu. Pra sentir tua pele arrepiada. E tua voz me convencendo a provar o tal sorvete de menta.
Tal sorvete nunca mais teve o mesmo gosto. Tem um gosto amargo agora. Volta. E muda o gosto desse sorvete de menta.