quarta-feira, 8 de junho de 2011

Menina II

Me encontro contigo. Numa rua qualquer, estamos menina. Estou sentado te esperando, e antes mesmo de te ver, sinto teu perfume. O perfume dos teus cabelos que o vento me traz. Esse vento outonal, que teima em bagunçar teus cabelos, sempre soltos. Teus olhos brilham e me sinto leve.


Vamos a algum lugar, tomar um café, conversar, pra que eu possa roçar minha mão na tua.
Ver teu rosto afoguear, ficar vermelha, cada vez que te olho nos olhos. E te olho frequentemente. Poderia passar o tempo todo te olhando.

Nossos tênis ainda estão trocados, mas é como se fossem nossos, me sinto confortável com teu allstar azul. Com tua mão na minha.

Gosto do vento. Do outono. Do teu sorriso, e do jeito como tiras o açúcar que fica no canto da boca, quando a gente come um churros. Tua cara de impaciente ao me ver sorrindo pra tudo que tu faz. Sou assim. As vezes sou bobão. Palavras tuas, claro.


Mais um encontro nosso, ao sabor do vento, com teus cabelos caprichosamente desgrenhados, tua mão roçando meu queixo barbado, menina. O calor do tua pele ao te encolher junto a mim, num pôr-do-sol do Guaíba.
Tuas surpresas pra mim, como o bilhetinho no bolso do casaco. Ou a sms de manhã cedo, me lembrando do remédio.


Teus lábios, menina. Teu beijo doce. Bombas de beijo.
E não finja, sei que tu acha um charme o jeito que eu jogo a fumaça do cigarro. Eu vou parar, prometo, menina.

Estive em casa, depois do nosso ultimo encontro, a cidade parecia tão bela, através da janela, a cidade tomada de alegria. Estive pensando, pensei em ti. Imaginei teu corpo por baixo da roupa. Embaixo, um par de pulmões limpos, brancos, como devem ser. E decidi. Vou parar.

Se tu deixar, vou fazer a cidade ficar bela todos os dias.
E não minta, eu vi teu sorriso ao aceitar a margarida que te ofereci. A margarida solitária que te dei, tão bela quanto tu, na primeira vez que te vi, no inicio desse outono. Naquele parque, naquele sol.

Não sei, não sei. Faz pouco menos de 10 minutos que te deixei no portão de casa e já sinto saudade.

Até amanhã, menina.