domingo, 14 de agosto de 2011

Ultimo Soldado


lutando
como o último soldado
na trincheira.

Sentindo até
o mesmo frio e a mesma chuva.


Como o último soldado
vivo
na trincheira
paro
de atirar por uns instantes
e escrevo
a carta de despedida


querendo que ela
nunca seja lida.

Dou alguns tiros
e vejo
quantas balas ainda tenho.
Poucas.

Ou o batalhão de reforço
chega logo

ou a morte heróica, lutando
com uma faca
contra inimigos
sem sentido.

Não ouço
o tropel
do reforço.

E ouço, vezenquando
os tiros a esmo do inimigo.

Hora dessas ele acerta.

Ainda não terminei minha carta de despedida
mas guardo ela
levanto a cabeça e atiro.

Quase um kamikase.
Sigo
escolhendo bem
os tiros.
Não posso desperdiçar munição.

Não sei
quando
o reforço vai chegar
se é que
vai chegar.

O último soldado
vivo
na trincheira
na última curva.


No meio
da guerra.