Só
lutando
como o último soldado
na trincheira.
Sentindo até
o mesmo frio e a mesma chuva.
Como o último soldado
vivo
na trincheira
paro
de atirar por uns instantes
e escrevo
a carta de despedida
querendo que ela
nunca seja lida.
Dou alguns tiros
e vejo
quantas balas ainda tenho.
Poucas.
Ou o batalhão de reforço
chega logo
ou a morte heróica, lutando
com uma faca
contra inimigos
sem sentido.
Não ouço
o tropel
do reforço.
E ouço, vezenquando
os tiros a esmo do inimigo.
Hora dessas ele acerta.
Ainda não terminei minha carta de despedida
mas guardo ela
levanto a cabeça e atiro.
Quase um kamikase.
Sigo
escolhendo bem
os tiros.
Não posso desperdiçar munição.
Não sei
quando
o reforço vai chegar
se é que
vai chegar.
O último soldado
vivo
na trincheira
na última curva.
No meio
da guerra.