segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sem título

Cara de loco, loco da cara, dane-se, o bom português não vai nos salvar.
Rouco, madrugado, lábios rachados, olhos que não suportam a quase luz do dia. Coloco o óculos escuro e tento enxergar além de mim. Cansado. Além de tudo, atrasado. Noite estranha essa. Não foi feliz. Não suporto mais tanto tempo assim pra acordar com gosto de noite feliz. Saudade do que já passou. Saudade do que ainda não chegou. Tristeza por ter que abaixar a cabeça pra tudo em volta de mim. As pessoas já começam a sair na rua, o dia finalmente começa em Porto Alegre. Tenho visto o porto todo dia. O alegre não. Todo dia, o dia todo. Nem a mim mesmo sei responder o que eu espero, algo ou alguém. Qualquer idiota diz eu te amo. E qualquer idiota acredita. O maior idiota do mundo. Já apostei algumas vezes no improvável e ele se mostrou o que é: improvável. Catalogando cada acerto, sobra tempo. Vejo o tempo passar por mim, tempo irrecuperável. Não sei pra onde vou, sei que preciso ir. Não suporto mais essa espera quase sem sentido. Brilho eterno de uma mente sem lembranças. Eterno só o amor de um soldado morto. Por onde andas? Será que você existe? Faço contas, planos. Três minutos pra dizer o que sinto. Seis amigos pro caixão. Três acordes pra canção. Dedos amarelos, cigarros comuns. Outra noite que se vai, outra noite sem alguém. Outro dia que começa, outro copo, outro uísque. Sem gelo de novo. O dia vai ser longo. A vida é curta demais pra ser longa. Isso é bobagem. “ a vida seria uma bobagem sem essas bobagens”. Eu mesmo sigo aqui, tentando tudo fazer sentido pra mim mesmo. Qualquer vida cabe num curta-metragem.