sábado, 4 de dezembro de 2010

Texto antigo

        
      uma toalha de plástico sobre a mesa. um copo simples, um vinho barato. tinto. essa televisão que passa comerciais insistentemente. o barulho da chuva lá fora. vente. pés gelados. mais um gole de vinho. um longo gole. luzes apagadas, escrevo aproveitando o brilho da tela. em cima da mesa, um telefone que insiste em não tocar. a porta continua fechada, a casa continua vazia. um filme romântico qualquer começa agora. algo sobre desencontros e encontros amorosos. uma música que não sai da cabeça. mais um pouco (pouco) de vinho. não sei se vou reconhecer a letra quando acordar. um vazio familiar me dá a sensação de aperto no peito.  as histórias me fazem acreditar que se tiver que ser, será. e com quem tiver que ser. mesmo que demore. Ou não.



     droga, manchei o papel de vinho. é que nem sempre será como nos filmes. aliás, raramente será.
          o sol me diz que é hora de deitar (trecho ilegível) depois continuo (outro trecho ilegível).





                                          (texto escrito num caderno qualquer em março de 2009, duas semanas depois de tudo acontecer)