quinta-feira, 10 de março de 2011

O amor e o canivete


      Ontem eu decidi não fazer nada pra te ter de volta. fracassei. Preciso me encontrar. Me tirar do sério. Por quantas vezes mais vou passar por isso, achar que é amor, sentir que pode ser amor. Mas é uma dose de dor. Ficar sozinho. Dormir. Acordar e ver o sol brilhando cinza lá fora. Sei que podia ter feito diferente, mas não consegui. Foi minha culpa. Teus olhos e teus olhares. Te perdi. Eu entendo. Tu não irás mais falar comigo. Não te culpo. Nem eu quero mais falar comigo. E agora aqui. Sozinho, triste, me sinto velho. Quase carece. Num quarto. Tenho o quarto ao menos. Tenho minha barba por fazer, minhas olheiras, minha solidão e uma dose de whisky. Mais uma dose de dor e de solidão. E agora não tenho nem meu trabalho pra ocupar a cabeça. Com o que vou me ocupar, pra não pensar em, pra não me sentir mais sozinho, nem sentir essa dor aqui. Saio com amigos, nada me distrai, deito na calçada e penso em ti. Sinto fome, dor. Metade de mim quer morrer. Metade quer viver chorando. Mas viver. Afasto coisas perigosas de mim, por precaução. A faca, o fio descapado. O canivete, e o amor.