quarta-feira, 22 de junho de 2011

Flores, menina

Eu gosto tanto de você. Menina. Teu jeito de arrumar os óculos e quando fala comigo, fica séria. Fica forte. Gosto tanto do teu lado que me protege. Me sinto tão mais forte ao teu lado.


Menina. Teu cabelo bagunçado me faz ter certeza que somos capazes de enfrentar o mundo. Me faz ter certeza que acima do céu fechado, existe um sol que brilha.
Me sinto tão mais bobo quando estou contigo e tu me fala de coisas tão banais, como ter que correr pra pegar o ônibus. Ou como o professor de cálculo pega no teu pé. E teu olhar, quando tu observa as pessoas na fila do pão, sussurrando baixinho no meu ouvido o que tu acha que as pessoas vão comprar.

Adoro esse teu jogo, adoro teus olhos brilhando. Tua cara pensativa ao ver um bebê. E o modo de dizer que estou fazendo tempestade em copo d'água. E quando me olha séria, arruma os óculos e diz que gosta muito de mim.

Não sei quantas vezes já te disseram que te amam. Pessoas que hoje não estão contigo. Que hoje nem te olham na cara. Nós dois sabemos: eu te amo não diz tudo. E nem precisa.

Sentir é mais importante que falar. Eu e tu, andando por aí, enfrentando o vento do outono, menina, teus olhos brilham, o nariz ( que nariz lindo, menina!) com a ponta vermelha por conta do frio. Teus três brincos na orelha direita e a tatuagem pequena. E o arrepio na nuca.



Queria que alguém me explicasse esse perfume de flores que me segue na rua, o tempo todo, em pleno outono. Tudo cheira a flores, o mundo todo.