segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Morena

O caso da menina que comia dois waffers por vez


ou ainda a morena que tinha três brinquinhos na orelha direita. Fones nos ouvidos, compenetrada, ela sentou no ônibus. Pensava sei lá no que, até que ligou o seu mp3 e conectou. [a velha tática de colocar só os fones pra ninguém puxar assunto]. Ao balançar a cabeça ao som d'algum rock inglês, retirou da bolsa, um pacote de waffer. E comia, dois a dois, a morena. Dos lábios pequenos, retirava com delicadeza os farelos, como se nada mais no mundo importasse além daquelas bolachas. Ajeita o terceiro [ ou seria o primeiro?] brinco e deixa a nuca exposta, com uma pequena tatuagem. Um simbolo maia? Epa. Os pés calçados com all-stars laranjas estavam convidando pra um passeio e o brilho no olho dizia que estava decidida a sair dali. Da vida que levava, daquele ônibus apertado, do gordo que roçava no ombro dela, da marcha cega, de horários e de idiotas. Como sei disso? Não sei.
Só imaginei.

O onibus, a morena e os waffers.